terça-feira, 17 de agosto de 2010

REFLEXÕES E CONSTRUÇÕES PEDAGÓGICAS NA DIVERSIDADE

REFLEXÕES E CONSTRUÇÕES PEDAGÓGICAS NA DIVERSIDADE

Cervan Gomes Ferreira[3]
Waldinéia Antunes de Alcântara Ferreira [4]
Leandro Escobar de Oliveira

RESUMO

Neste texto fazemos algumas considerações sobre apreensões acerca da percepção de um grupo de professores da área de Ciências Sociais do Vale do Arinos,  município de Juara, Novo Horizonte do Norte, Tabaporã e Porto dos Gaúchos em Mato-Grosso.  No corpo deste texto expomos pontos de vista sobre a diversidade, apontando elementos conceituais sobre etnia e raça. Este trabalho é resultado de encontro com educadores e teve a finalidade de estabelecer um momento de sensibilização e de trocas de informações, bem como, suscitar a inclusão da temática “Diversidade e relações  étnicorraciais” nos Projetos Político Pedagógico das escolas. Metodologicamente assumimos duas posturas, ambas de caráter qualitativo. Uma direcionada para o desenvolvimento dos trabalhos e a outra no caminho da investigação perceptiva com organização de observação e coleta de registro, intercalando análises e experiências da cotidianidade escolar, bem como, apreensões de possibilidade da inserção da temática no currículo escolar.
Palavras-chave: Diversidade– étnicorracial – educação.

ABSTRACT

In this text we make some comments on concerns about the perception of a Social Science Teachers group from Arinos Valley Region: Juara, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos and Tabaporã Counties in Mato Grosso. In the body of this text we expose some views about diversity and we point some conceptual elements about ethnicity and race. This work that is a result of a meeting with teachers has aimed to establish a moment of awareness and information exchange as well as to raise the inclusion of the theme “Diversity and etnicorraciais relationships” in the Scholar Political-Pedagogical Project. It assumes two positions methodologically, both qualitative. One of them is directed to the work development and the other is in the way of perceptive research on perceptual organization through the observation and record collection. It intercalates analysis and everyday school experiences, as well as it seizures the possibility of including the thematic in the scholar curriculum.

Keywords: etnicorracial - diversity - education.

INTRODUÇÃO
Uma das propostas da Secretaria de Estado de Educação, é, disseminar a formação continuada dos profissionais da educação e tem feito isso com o auxilio de unidades administrativas denominadas de  Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica, estes  estão distribuídos no estado de Mato Grosso em diferentes pólos.
Dentre as temáticas de formação se encontra as polêmicas discussões e fatos acerca da diversidade cultural abarcando entre muitas outras a questão étnicorracial. Para iniciarmos esta parte do texto pretendemos apresentar como temos construído nossas interpretações sobre formação continuada. E ai, podemos dizer que há algumas vertentes, uma delas diz respeito ao efetivo trabalho de grupos de estudo dentro da escola, sendo está a mais atual, aqui o estabelecimento de ensino é o lócus de sua própria formação. Outra vertente é a da formação clássica em cursos de pós-graduação oferecido pelas universidades, e, uma outra vertente por nós discutida e que está na forma intermediária, nos momentos em que os Centros de Formação junto as escolas suscitam organizações e/ou reorganizações nas temáticas de ensino, sendo co-participes de discussões, reflexões e alguns apontamentos didático-pedagógico, político-sociais.
Podemos dizer que esse movimento do que temos entendido por formação continuada, ou mesmo, de como a temos vivenciado extrapola tudo o que conhecemos em nossa própria formação. Mas, encaminha-nos para o diferente, o multicultural e para a troca de saberes.
Nesse sentido, formar-nos continuamente requer contínuos encontros e uns diferentes daqueles previsto em nossa cotidianidade e é nessa ótica que estamos compreendendo o encontro realizado pelo Cefapro de Juara-MT.
Nesse encontro houve a organização de vários grupos de trabalho e um deles foi o de Ciências Humanas e Sociais, com a temática: Diversidade e relações  étnicorraciais. Empreendemo-nos em conhecer um pouco sobre o racismo e sobre as etnias indígenas presentes no município de Juara. Afinal de contas, os estudantes indígenas se distribuem nas escolas das aldeias, mas, também nas escolas do não-índio.
Sobre as etnias presentes em Juara fizemos uma breve exposição sobre os povos Kayabi, Munduruku e Apiaká que estão distribuídos na reserva Apiaká-kayabi, nas aldeias Tatuí, Nova Munduruku, Kawai, Mairob, Figueirinha e Itu Cachoeira. É preciso compreender que o modo de vida dos povos indígenas tem uma organização  diferente, assim cada etnia tem cultura, língua,  mitos e expressões artísticas, bem como, rituais, estrutura social e política diversa.
De um modo geral as impressões que tem se construído hoje sobre o índio e o negro são advindas de influências racistas. De acordo com Pinho (2007) o pensamento sobre a hierarquização de raças, é resultado de influências de teorias racistas que foram incorporados tanto por políticos quanto por cientistas. E no Brasil isso foi encarado por muito tempo como Ciência. “[...] Todos os cientistas adeptos dessa idéia postulavam a hierarquização das raças humanas, colocando a raça branca como superior em qualidades em relação às outras” (p.21)
Diante do descrito acima nos perguntamos: como nossa escola vem abordando essa questão? Como temos entendido a nossa própria identidade? O que fez parte da nossa escolarização e o que fazemos hoje?
Essas questões foram suleadoras para a compreensão de que o racismo é resultado de uma educação preconceituosa e ignorante. Para melhor compreendermos utilizamos da reflexão acerca das escolas de pensamento racista apresentada por Skidmore apud Pinho (2007). Assim se apresentou tais escolas: Escola de pensamento racista com marcas etnológico-biológica, representada pelos Estados Unidos nas décadas de 40 e 50, consistia na conformação racial-genética com exibições de diferenças fisiológicas, tanto que as raças índia e negra apresentavam diferenças físicas em relação ao branco, espécies distintas.
A escola histórica apresentava a idéia de que existiam evidências históricas através dos triunfos da raça branca, e, a outra escola postulava o darwinismo social. Aqui havia a existência de um único centro humano, não havia espécies distintas de humanos como na primeira escola, mas, havia uma evolução social da raça branca sobre as demais.
Não podemos nos esquecer que há que se fazer uma educação intercultural  entre índios, negros, brancos, etc. Não podemos continuar a esconder as desigualdades sociais, ou a acreditar nas escolas acima citadas. È preciso entender que muitas vezes escondemos ou não aceitamos nossa identidade. “A identidade é uma construção que se faz com atributos culturais, isto é, ela se caracteriza pelo conjunto de elementos culturais adquiridos pelo indivíduo através da herança cultural (PINHO, 2007, p.21)
Nessa perspectiva como educadores é também nossa responsabilidade desencadear espaços de discussão e de construções identitárias em que o negro, o branco, o índio e todas as formas de cultura estejam presentes nos ambientes escolares. Em outras palavras é urgente reescrever nossos currículos e que estes sejam interculturais.

OLHARES: DIVERSIDADE, ETNIA E RAÇA

Os olhares por nós empreendidos descortinam até mesmo nossas compreensões e nos envolve num espaço reflexivo. Este país divide diversas riquezas culturais. De acordo com Rocha (2006, p.83)

Carregamos, dentro de nós, a herança de todas as culturas e sabemos, hoje, pelas mais modernas experiências feitas no campo da biologia e da genética, que as várias características externas do ser humano como a cor da pele, o formato do nariz, os pêlos são apenas forma de adaptação do ser humano ao ambiente. A estrutura genética é idêntica nos vários grupos humanos.

Nessa perspectiva buscamos refletir sobre a identidade dos participantes deste encontro de formação. Iniciamos com a dinâmica de fazer com que todos montassem a sua própria árvore genealógica. A finalidade era saber de onde vieram e/ou viemos, descobrir se a origem é negra, indígena ou amarela. Para isso utilizamos a árvore genealógica pensada por Rocha (2006). A árvore apresenta questões multirraciais com as palavras: preto, pardo, amarelo, branco ou indígena, a medida que vai sendo construída se assinala as características escolhidas e/ou selecionadas pelo construtor da mesma.. Ela apresenta em sua base avós paternos e maternos do pai, depois avós paternos e maternos da mãe; em seguida as características do pai e da mãe e por fim, no topo o resultado da imagem ou da declaração do construtor da árvore genealógica.
            Neste exercício reflexivo abriram-se discussões e relatos dos participantes sobre a experiência vivenciada, os mesmos expuseram suas idéias, a respeito do que pensavam ser, levantaram hipóteses, e, muitos não conseguiram saber ou mesmo fazer a sua árvore genealógica.
            Tal situação é também resultado da miscigenação cultural deste país, e ainda se configura como uma possível transição de construções identitárias. Apoiados em Santos (2007) apud Bhabba, muitas vezes a forma de nos enxergarmos ou ainda a construção dos “entre lugares” acontece na “emergência dos interstícios – a sobreposição do deslocamento de domínios da diferença – que as experiências intersubjetivas e coletivas de nação (nationness), o interesse comunitário ou o valor cultural são negociados.
            Nessa construção identitária é importante buscar elementos que nos dê a possibilidade de compreensão sobre etnia, raça e por fim diversidade. Assim,

Uma etnia ou um grupo étnico é em um sentido amplo uma comunidade humana definida por afinidades lingüísticas, culturais e genéticas. Estas comunidades comumente reclamam para si uma estrutura social, política e um território (JÙNIOR, 2005).

            De acordo com os professores participantes do encontro, a etnia é compreendida como: “um termo utilizado para identificar a diversidade humana”; “conjunto de indivíduos com características comuns”;” a etnia está associado a aspectos culturais que são transmitidos/construídos de pessoa para pessoa pela convivência (modo de falar, religião e costumes)”; “ A etnia vem substituir o termo raça na divisão de grupos humanos, porém o grupo brasileiro é formado por três grupos étnicos: branco, negro e índio. Definida por afinidades lingüísticas, culturais e semelhanças genéticas”.
            Os educadores têm compreendido a etnia como uma consciência coletiva ao mesmo tempo em que a configuram como sendo um elemento aglutinador de aspectos culturais, lingüísticos, raciais e ainda semelhanças genéticas. No entanto, é sabido que este não é um conceito fixo, ele pode sofrer mudanças ao longo do tempo.
            Na tentativa de estabelecer alguma diferença entre etnia e raça, passamos a coletar as apreensões dos educadores sobre o significado de raça. Assim a compreensão de raça foi expressa de diferentes formas. “Termo pejorativo para definir grandes grupos humanos”; como “ um termo historicamente utilizado para a identificação dos negros (escravos) como sendo uma raça “inferior””; como um termo “associado aos aspectos físicos e biológicos que são transmitidos através da genética”;  “no primeiro momento raça era um termo usado para definir grupos que tinham características em comum. Atualmente o termo raça é um termo utilizado para definir um gênero animal. Porém ainda usa-se o termo raça humana, considerando como animais racionais”.
            De acordo com d’Adesky (2005) raça é um conceito ambíguo que não pode ser operacionalizado pela genética, haja vista, que a estrutura das populações humanas são complexas, pois varia de região para região e de um povo para outro. No entanto em outras épocas como nos estudos de Selden apud Cavalleiro (2001) havia o movimento da eugenia, ou seja, a idéia de que raça e hereditariedade eram fatores imprescindíveis para o desenvolvimento humano, tanto que, as escolhas para o casamento pautavam-se nos melhores “brancos”, aponta-se que nesse período houve um movimento seletivo e arbitrário ocorrido em Virgínia, Estados Unidos no ano de 1924, com a aprovação da lei sobre a esterilização de certas raças. Absurdamente quando uma branca se casava com um negro, este deveria ser esterilizado para não produzir prole.
            Atualmente, principalmente no Brasil as discussões estão em torno de um movimento anti-racial, exemplo disso são as legislações 11.645/2008 e a Lei 10.639/2003, essas legislações assumem medidas retrativas e a inclusão das questões étnicorraciais em sala de aula, provendo assim a diversidade.
            Nossa dificuldade em fazer esta abordagem pedagógica é resultado das formas de relações desiguais e isto é fruto de uma sociedade que ainda não foi educada para conviver com a diversidade. É preciso nos preocupar em garantir que sejam desconstruídos práticas e comportamentos preconceituosos em relação à cor ou origem étnica das pessoas que integram o espaço escolar.
Esses Temas, na verdade quando lembrados o são de forma superficial, muitas vezes acabam rotulando ainda mais essas pessoas existentes nas comunidades escolares, fortalecendo a discriminação e o preconceito nas áreas educacionais.
Ainda assim, é importante destacar que vários esforços tem se dado para garantir  a inclusão das questões raciais conforme prevê a Lei, entendemos que o conhecimento sobre a realidade das relações étnicorraciais no meio escolar é de grande  relevância no auxilio da proposição de políticas educacionais, este momento nos permite pensar a complexidade e a riqueza desta abordagem.
            Não podemos tratar as questões étnicas abordando apenas o negro e o índio, mas é preciso pensar numa diversidade maior, nesse sentido, temos construído a idéia de que a diversidade “está diretamente ligada as etnias existentes pois não se existe homogeneidade quanto a isto, sendo assim, pode se ter o entendimento que o modo de ser do próprio ser humano implica numa forma diversa de existir. Formas de pensar e agir, ligadas diretamente a sua cultura e que muitos desses traços culturais são herdados, outros, quando o individuo já possui domínio próprio passa fazer suas escolhas e dependendo, por exemplo: se ele passa a viver diante de um ambiente com uma outra cultura, senso assim,vivenciará outros costumes, com isso estará inserido em uma outra diversidade, que pode ser: tradições, costumes, hábitos, etc.” ; “ a nossa diversidade cultural é riquíssima porque engloba muitos povos, sendo que a nossa sociedade ainda está formando a sua identidade étnica”; “ diz respeito “a convivência de várias culturas (tribos urbanas) vivendo juntas, cada qual com seu modo de ver a mesma sociedade sob pontos de vista desiguais”.Então,

Do ponto de vista cultural, a diversidade pode ser entendida como a construção histórica, cultural e social das diferenças. A construção das diferenças ultrapassa as características biológicas, observáveis a olho nu. As diferenças são também construídas pelos jeitos sociais ao longo do processo histórico e cultural, nos processos de adaptação do homem e da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder, sendo assim, mesmo os aspectos tipicamente observáveis, que aprendemos a ver como diferentes desde o nosso nascimento, só passaram a ser percebidos dessa forma, porque nós seres humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura, assim o nomeamos e identificamos. (GOMES, 2008, p.17)


            Nesse sentido, trabalhar com a diversidade cultural em nossas escolas, é um desafio para abrirmos a possibilidade da vivencia da pluralidade cultural sob o ponto de vista da aceitação e do reconhecimento. É dizer não para a discriminação das diferenças de etnias, de povos, de grupos sociais, de gênero. E é dizer sim para o reconhecimento social e a valorização das pessoas que compõem a nossa sociedade.

DIVERSIDADE CULTURAL NA ESCOLA

Não há preconceito racial que resista à luz do conhecimento e do estudo objetivo. Neste, como em tantos  outros assuntos, o saber é o melhor remédio... Mas não é só por isso que o tema do racismo e da discriminação racial é também para quem se preocupa com a educação. É fundamental, também, que a elaboração dos currículos e materiais de ensino tenha em conta a diversidade de culturas e memórias coletivas de vários grupos étnicos que integraram nossa sociedade.
Fernando Henrique Cardoso – Presidente da República,2000.

É nesta perspectivas que as atividades desenvolvidas durante o encontro buscou refletir sobre  a importância de trabalhar a diversidade etnicorracial na sala de aula. O desafio apresentado era, como desenvolver tal temática  de forma integrada na escola? De que maneira cada um dos presentes poderia fazer com que as reflexões e propostas levantadas naquele grupo de estudo pudessem incorporar no currículo escolar durante a revisão ou elaboração do Projeto Político da Escola?
Num primeiro momento dividimos os professores em grupos para um levantamento do que está sendo realizado pelas escolas sobre as relações etnicorracial.  Pudemos perceber que há por parte de algumas escolas um trabalho de sensibilização, mas que ainda não avançou. A maioria trabalha a temática apenas nas datas comemorativas. De acordo com os apontamentos não há nas escolas uma prática de escolha dos livros didáticos que abordem esta temática.
Diante das observações feitas inferimos a idéia de que este tema ainda encontra-se distante dos enfrentamentos realizados no cotidiano escolar, não é visto como uma necessidade, mas como uma obrigatoriedade legal presente no campo educacional.
Conforme levantamento feito sobre a abordagem da temática no currículo de ensino, apenas o Centro Educacional de Jovens e Adultos (Eja) é que se trabalha com material específico sobre diversidade das relações etnicorracial.  Nota-se ainda que a realização pedagógica desta temática tem sido forte nesta modalidade porque detectamos junto aos educadores a existência de uma disciplina denominada de DEC (Diversidade Étnico Cultural) que trata tais questões.
Não podemos esperar que haja momentos pontuais para um trabalho critico etncorracial,é preciso que esteja presente de maneira global no currículo, nos Projetos Políticos Pedagógicos como ferramenta filosófica, social e política. Nesse sentido,

É indispensável que os currículos e livros escolares estejam isentos de qualquer conteúdo racista ou de intolerância. Mais do que isso. È indispensável que reflitam, em sua plenitude, as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação da nação e da cultura brasileira. Ignorar essas contribuições – ou não dar o devido reconhecimento – é também uma forma de discriminação racial. A superação do racismo ainda  presente em nossa sociedade é um imperativo. É uma necessidade moral e uma política de primeira grandeza. E a educação é um dos  terrenos decisivos para que sejamos vitoriosos nesse esforço.
(MUNANGA, ano, p. )


Os estudos empreendidos neste encontro de  convivência com e na diversidade foram momentos intensos de reflexão  de como está sendo compreendido toda esta discussão que perpassa o país e principalmente o Estado de Mato grosso. Também nos deu possibilidade de interação e descobertas acerca da  receptividade do tema no interior das  escolas, e, de maneira peculiar neste grupo de professores co-participes desta discussão.
Com relação à inclusão do tema no Projeto Político Pedagógico das escolas existe ainda uma dificuldade de colocá-lo como registro efetivo e ainda há muitas dúvidas na operacionalização do desenvolvimento do trabalho pedagógico. Segundo os educadores isso é decorrência dos resquícios da formação e da ignorância sobre o assunto.
Alguns dentre nós receberam na sua educação e formação de cidadãos, de professores e educadores o necessário preparo para lidar com o desafio que a problemática da convivência com a diversidade e as manifestações de discriminação delas resultadas colocam cotidianamente na nossa vida profissional. Essa falta de preparo que devemos considerar como reflexo do nosso mito de democracia racial, compromete, sem dúvida, o objetivo fundamental da nossa missão no processo de formação dos futuros cidadãos responsáveis de amanhã. Com efeito, sem assumir nenhum complexo de culpa, não podemos esquecer que somos produtos de uma educação eurocêntrica e que podemos, em função desta, reproduzir consciente ou inconscientemente os preconceitos que permeiam a nossa sociedade.
(MUNANGA< ANO, P.)

É evidente que o fato de pouco comentar a existência do preconceito em nosso meio se dá pelo fato de agirmos de maneira tão natural e acharmos que este jeito de agirmos é o normal. A sensibilização é o primeiro estágio para acordarmos e perceber que o racismo existe em nosso meio e que é preciso combatê-lo. Mas não basta apenas a sensibilização, agora é lei. Quem comete atos de racismo deve ser punido. Uma vez que não aprendemos pela educação respeitar o outro em sua essência, a lei nos obriga a respeitá-lo.
            Nossos currículos devem apresentar a marca da culturalidade e ainda deve ser o mediador dos processos inclusivos, só desta forma teremos e/ou construiremos uma educação libertadora. Fazer esse tipo de educação requer iniciar em nossos estabelecimentos a constituição de posturas sócio-culturais e antropológicas em que a filosofia dos Projetos Políticos Pedagógicos esteja realmente a favor das minorias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

d’ ADESKY, Jacques. Pluralismo Ètnico e Multuculturalismo: Racismos e anti-racismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2005.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade e Currículo. In. BRASIL. Indagações sobre currículo: Diversidade d currículo. Brasília: MÊS/SEF, 2008.

MUNANGA,

PINHO, Vilma Aparecida. Relações raciais no cotidiano escolar: percepções de professores de educação física sobre os alunos negros. Cuiabá: EdUFMT, 2007.

ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho.  Almanaque Pedagógico Afro-brasileiro: Uma proposta de intervenção pedagógica na superação do racismo no cotidiano escolar. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006.

SANTOS, Ângela Maria dos. Vozes e silêncio do cotidiano escolar: As relações raciais entre alunos negros e não negros. Cuiabá: EdUFMT, 2007.

JUNIOR, Juarez C. da silva. Etnia e Raça. Disponível em: HTTP://www.movimentoafro.amazonida.com. Acessado em: 25/01/2007.





[3]              Professora formadora de História do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica - SEDUC/MT.
                Professora da Universidade do Estado de Mato Grosso/ Curso de  Pedagogia /Campus Universitário de Juara-MT e professora  Formadora de Ciências Biológicas do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica- SEDUC/MT.
[4]              Professor Cefapro Educação Indígena

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