terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como o Profº Leandro pretende realizar o Trabalho com os Povos Indígenas do Norte de Mato Grosso

  
Identificação
Professor Formador:  Leandro Escobar de Oliveira
Município: Juara
Escolas que serão atendidas no ano de 2010
Escola Estadual de Educação Básica Indígena Leonardo Crixi Apiaká;
Escola Estadual de Educação Básica Indígena Krixi Barompo 
Escola Estadual de Educação Básica Indígena Juporijup.

  




                                          INTRODUÇÃO
            A realização deste trabalho, tem como objetivo proporcionar um espaço de análise em profundidade da oferta da Educação Escolar Indígena e propor meios  para seu avanço em qualidade e efetividade, revelando o interesse estratégico dos povos indígenas pela escola no contexto das relações interétnicas.                                      
             Ao analisarmos a Educação escolar indígenas, podemos ver que as políticas públicas para Educação Escolar Indígena, nos últimos 20 anos, foram formuladas a partir da promulgação da Constituição Federal que legitimou novos paradigmas para as relações entre Estado brasileiro e povos indígenas, pautados pelo reconhecimento, valorização e manutenção da sócio diversidade indígena. Os sistemas de ensino ao implementarem essas políticas se referenciam em um conjunto de princípios, idéias e práticas educativas, discutidos e experimentados pelas articulações entre o movimento social indígena e indigenista, emergente em meados da década de 1970.
            Desse importante movimento, origina-se o conceito de Educação Escolar Indígena como direito, caracterizada pela afirmação das identidades étnicas , pela recuperação das memórias históricas, pela valorização das línguas e conhecimento dos povos indígenas, pela vital associação entre escola, sociedade, identidade e também com os projetos societários definidos autonomamente por cada povo indígena.            
         Sabem-se que  no Brasil, vivem entre 460 mil (FUNAI)a 700 mil(IBGE) índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira, entretanto este dado populacional considera tão somente aqueles indígenas que vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também 63 referências de índios ainda não-constatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista, Fundação Nacional do Índio – FUNAI. As maiores concentrações indígenas encontram-se nos Estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Roraima.           Segundo a FUNAI o Estado de Mato Grosso possui uma população de cerca de 32.000 índios (dados FUNAI), destes, 500 são professores que oferecem o ensino fundamental e médio, mas apenas 200 estão em sala de aula e a grande luta deles é por uma Pedagogia específica de qualidade,  pertencentes a 42 etnias, distribuídas em 59 Terras Indígenas.
A educação escolar indígena no Brasil, desde a década de 70 passa por mudanças no que diz respeito à legislação segundo o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNE/Indigena1998)                 Essas políticas públicas perpassam por lutas dos movimentos populares, a Constituição de 1988 e a nova LDB que garantem aos povos indígenas o direito de se estabelecerem formas particulares de organização escolar, como o calendário escolar diferenciado, o uso da língua materna de cada comunidade indígena, a interculturalidade, matriz curricular, a metodologia e avaliação, os  materiais didáticos adequados à realidade sociocultural de cada sociedade indígena .                               O respeito pelas formas tradicionais de organização social e cosmológica dos povos indígenas e pelos modos próprios com que produz e transmite seus conhecimentos. Propondo projetos e programas interculturais de formação intersubjetiva percebendo diferentes lógicas e significação da escola a partir da cultura de cada povo. Segundo Flexa (1996 )  “  da educação intercultural tende-se valorizar, de maneira prioritária, a convivência de pessoas de diferentes etnias em uma mesma escola  e a olhar  como guetos as escolas, baseadas em uma única cultura”. A Legislação Federal assim como as iniciativas educacionais desenvolvidas pela SEDUC,  concomitam na iniciativa de elaborar Orientações Curriculares focadas nas escolas indígenas, organizando-as por Ciclos de Formação humana. Orientando-se a elaboração e desenvolvimento de projetos de abordagem político-pedagógica específico nas escolas indígenas de Mato Grosso. No MEC em consonância com a SEDUC as propostas curriculares aparecem em um novo cenário segundo Gomes (2008), que conceitua e discute o conceito de diversidade nos diferentes espaços sociais.                          Compreendem-se por educação escolar indígena, neste documento, as escolas indígenas e as não indígenas de atendimento a alunos indígenas em uma perspectiva de interface com todo o sistema de educação.                                                                                     O Estado de Mato Grosso através da Secretaria de Estado estabelece novas missões através de eixos que rediscutem a educação escolar indígena, reconstrói e valoriza a cultura indígena. Discute os espaços escolares com ações, mais  humanizadoras, que respeita os diferentes saberes das comunidades e suas tradições.    A formação inicial em Mato Grosso tem se dado nas Instituições Públicas de ensino superior ou com o apoio delas em parceria com a Funai, Secretarias Municipais de Educação, em um complexo processo coordenado pela Secretaria de Estado de Educação e acompanhada pelo Conselho Estadual de Educação Indígena. Paralelo a esta o Estado de Mato Grosso tem iniciado um processo de formação continuada tendo como pólo de irradiação os CEFAPROS.
       Esta Formação Continuada tem como finalidade de desenvolver uma proposta de educação mais justa, solidária com uma função humanizadora procurando dar respostas que satisfaçam à expectativa de uma escola indígena capaz de fortalecer a cultura, as tradições, a língua, e que o professor seja protagonista do seu processo de formação, com vista a melhoria da qualidade da formação do aluno indígena.
   Esta proposta de formação continuada visa estimular os professores e gestores a refletirem sobre práticas pedagógicas, propiciando a elaboração e desenvolvimento de propostas e de materiais didático-pedagógicos coerentes com as realidades e com os projetos de auto-sustentabilidade dos povos indígenas.
            Procurando construir coletivamente um plano de formação continuada sempre pautado na concepção e diretrizes da educação escolar indígena, segundo as orientações Curriculares do Estado de MT (2008) e CONAEEI.                                                                                    Este plano de formação continuada tem como base sustentável o projeto  sala de professor, estratégia de formação continuada  em que  a escola passa a ser o local de formação, que tem por  objetivos: fortalecer a Escola enquanto espaço de formação por meio da organização de grupos de estudos para a construção de um comprometimento coletivo com o processo de ensino e aprendizagem; e contribuir para a superação do déficit da qualidade do ensino público. Entretanto para a Sala do Professor da Escola Indígena, que tem como objetivo a valorização dos conhecimentos tradicionais, do fortalecimento da identidade étnica, bem como da memória histórica onde serão consideradas as especificidades como a interculturalidade, as diferentes estratégias de manutenção das línguas, valorização da diversidade cultural e suas formas de manifestação e sustentabilidade e a relação de dinamicidade entre comunidade indígena e os núcleos urbanos da sociedade envolvente no contexto da educação
.                                           O pólo CEFAPRO de Juara compreende que em seu município, vivem os povos indígenas Kayabi, Apiaká, Munduruku. Nos mesmos funcionam 03 escolas indígenas: Escola Estadual de Educação Básica Indígena Leonardo Crixi Apiaká, localizada na Aldeia Mayrob,  Escola Estadual de Educaçaão Básica Indígena Krixi Barompo, na aldeia Nova Munduruku e a Escola Estadual de Educação Básica Indígena Juporijup na aldeia Tatuí.


OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Relacionar atividades e acompanhar as atividades desenvolvidas por meio do   “Projeto Sala de Professor” cujas a ações especificas são acompanhar as escolas indígenas, procurando atender quinzenalmente as necessidades de formação continuada, atendendo conforme as demandas, sugerindo estratégias de trabalho a cada comunidade, discutindo sobre as políticas educacionais direcionadas as escolas indígenas valorizando também o envolvimento das lideranças na elaboração das propostas de formação.

Objetivos específicos:

Este plano de Formação continuada para a educação escolar indígena está norteada nos seguintes objetivos:
- Identificar as escolas indígenas e urbanas que atendem os alunos indígenas;
- Atender as necessidades de formação continuada de forma permanente e atender conforme as demandas de formação de cada comunidade indígena e do pólo;
- Articular e acompanhar o Projeto Sala de Professor como estratégia da formação continuada nas escolas indígenas de cada comunidade;
- Promover a discussão sobre as políticas direcionadas às escolas indígenas no Sistema Estadual de Ensino;
- Apoiar a discussão sobre educação e multiculturalidade nas escolas urbanas relacionado a implementação da Lei 11.645/08;
- Estimular a discussão sobre a educação escolar indígena entre os professores das outras áreas de formação e de forma mais sistêmica com as áreas afins e nas escolas urbanas do pólo do CEFAPRO;
 - Acompanhar as ações formativas do Pólo – conforme calendário do pólo e plano de formação continuada da educação escolar indígena;
- Apoiar os professores e coordenadores a desenvolver a prática de Formação continuada;
- Valorizar o envolvimento das lideranças da comunidade, na elaboração das propostas de formação continuada;
- Estimular o processo de estudo e reflexões contínuas no âmbito da escola indígena;
- Criar e manter uma rede de discussão da formação continuada para Educação Escolar Indígena entre os professores formadores da educação indígena dos pólos do CEFAPRO,
- Estimular o intercâmbio entre os professores de diferentes escolas indígenas com foco na formação continuada;
- Demandar a participação em eventos relacionados a educação e as questões indígenas;
- Promover formação individual de acordo com a demanda das comunidades atendida e proposta de atuação do pólo.


METAS


- Identificar até o final 2010 as escolas indígenas da rede estadual urbanas que atendem alunos indígenas do município sede do pólo ;
 - Diagnosticar as necessidades de formação continuada de forma permanente nas três escolas indígenas deste município;
 - Atender conforme as demandas de formação de cada comunidade indígena e do pólo, focado no projeto de sala do professor;
- Articular e acompanhar a implantação do Projeto Sala de Professor como estratégia da formação continuada nas escolas de educação escolar indígenado pólo.
- Promover discussão sobre a educação escolar indígena entre os professores das outras áreas de formação no grupo de formação do CEFAPRO;
 - Relacionar-se com uma rede de discussão da formação continuada para Educação Escolar Indígena entre os professores formadores da educação indígena dos pólos do CEFAPRO, reunindo-se via on line mensalmente;


 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quanto a Sala de Professor:
            O trabalho será realizado nas escolas indígenas, com o acompanhamento e orientação de 15 em 15 dias na formação. As ações serão desenvolvidas junto aos professores do 1º,     2º     e     3°     ciclo da Educação indígena.
            Neste ano as ações serão contempladas no projeto sala de professor. Iniciaremos com o levantamento de um diagnóstico a respeito das necessidades formativas do ensino aprendizagem.
            Os encontros continuados nas comunidades indígenas do pólo de Juara, acontecerá de forma dialógica com leituras, trabalhos em grupo e reflexões que signifique os fundamentos necessários para um melhor atendimento das estratégias didática. Nestes iremos fazer sugestões para o ensino da educação indígena.
            Temos também a intenção de junto aos professores construirmos estratégias didáticas que ajudem os educandos a superarem os problemas levantados nas escolas indígenas, buscando solucioná-los com leituras de aportes teóricos, palestras, filmes, painéis e grupos de trabalho, apresentação de slide e seminário de socialização.
  
Quanto a orientação para a coordenação pedagógica:

            Teremos encontros quinzenalmente ou quando se sentir necessário com a finalidade de discutirmos os avanços e as dificuldades no acompanhamento da sala de professor.
Estaremos desenvolvendo um trabalho em parceria. Temos a intenção de juntos realizarmos leituras e discussões voltadas para a legislação, fundamentos, concepção e avaliação da escola organizada em ciclos de formação humana. Ainda estudar o referencial curricular nacional para as escolas indígenas.
Este plano de trabalho contempla as ações didáticas e de estudo no projeto sala de professor e em reuniões com a coordenação pedagógica das escolas indígenas, tendo como foco principal a valorização e compreensão da cultura escrita na sociedade e apropriação da cultura escrita, considerando a educação intercultural, bilíngüe e diferenciada.

           
      
 CRONOGRAMA
AÇÕES PEDAGÓGICAS DE FORMAÇÃO NA ESCOLA

1.      Ações Formativas do Pólo – Conforme calendário do pólo e proposta de formação – Atividades realizadas quinzenalmente no município;
2.      Acompanhamento no desenvolvimento do Projeto Sala de Professor nas Escolas Indígenas;


Ações
Escola
Período
Recurso
Local
Acompanhar a escolas indígenas do pólo
Todas as escolas do pólo
Abril à Dezembro
Diária para ajuda de custo. Computador/Notbook;   Automóvel, combustível para  carro e  frete de barco; alimentação
Colete Salva Vida;

CEFPAPRO;
Aldeias Mayrob,
Tatuí e Nova Munduruku
Elaborar um plano de Formação Continuada
Todas as escolas do pólo
Março
Computador
CEFAPRO
Acompanhar o projeto Sala de Professor.
                                

Todas as escolas


Abril à Dezembro


Carro;
Combustível carro e  frete de barco; alimentação;
Colete Salva Vida;
CEFPAPRO;
Aldeias Mayrob,
Tatuí e Nova Munduruku





Participar do seminário em Rondolândia                         
Rondolândia
Junho

Passagens terrestre e diária


RECURSOS: constarão nos planos de trabalho do pólo.




REFERÊNCIAS       BIBLIOGRÁFICAS

GRUPIONI. Luis Donizete Benzi ( org). As Leis e a Educação Indígena: Programa Parâmetro em Ação de Educação, Brasília
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização
 Diversidade, 2005.
GRUPIONI. Luis Donizete Benzi ( org. ). Educação Escolar Indígena, 2ª edição, Brasília

Nenhum comentário:

Postar um comentário