A VALORIZAÇÃO DO ALUNO INDÍGENA - AVALIAÇÃO

ALUNOS INDÍGENAS: PARA ALÉM DE UMA AVALIAÇÃO

A avaliação muitas vezes serviu para a exclusão de diversas maneira, como reprovação, humilhação aos estudantes com dificuldades de aprendizagem, desistência de estudantes por não compreender o que a escola queria, por não entender na verdade o que ela queria, foram muitas vezes reprovados pela escola, mais nunca foram reprovados pela vida.

Esse tipo de avaliação pode acarretar dois tipos de exclusão: Primeiro tipo, ele é excluído por si só, dos colegas e da sociedade. Chegando a acreditar ser incapaz de aprender e desacreditando em si mesmo; por outro lado, são excluídos pelos colegas e também pela sociedade. Muitas vezes ela acontece juntas, ao mesmo tempo, causando assim sérios problemas a que está sendo avaliado. E esse tipo de avaliação pode acontecer em qualquer escola, vai depender da forma em que ela está sendo aplicada.

Nesse sentido para compreender de como é feita a avaliação na escola indígena, temos que fazer uma reflexão, para não usarmos as mesmas técnicas ou metodologias usado de uma escola seriada ou tradicional.

Não podemos usar a avaliação como uma ferramenta ou instrumento que pune ou mede, mais que seja um meio para diagnosticar caminhos que possa reorganizar a aprendizagem.

Conhecer o verdadeiro significado da avaliação para que e para onde se direciona é muito importante.

Para conhecer a maneira que é feita a avaliação em uma escola indígena, precisamos saber como é avaliado a aprendizagem dos estudantes e como o processo de avaliação acontece dentro das escolas indígenas.

Conhecer como os professores indígenas tem a percepção sobre a avaliação, a maneira que ela se aplica ou acontece na escola é necessário muita atenção, para poder identificar  quando um estudante está sendo avaliado.

Ela não acontece assim como nas escolas não indígenas, a avaliação vai acontecendo dentro do processo ensino aprendizagem no desenvolvimento de suas dimensões culturais, seja ela qualquer etnia.

Já quando se trata do ensino aprendizagem dentro das diversas culturas, podemos dizer que a cultura reúne tradições, costumes, significados que são diferentes de grupos para grupos, é dessa forma, mostrando o saber constituído e adquirido que compreendemos o seu aprendizado, sabendo muito bem identificar a sua identidade e a de seu povo.

Assim o aprendizado e a avaliação é uma construção que se dá na vivência, desde o seu nascimento dentro da comunidade, analisando e refletindo naquilo que aprendeu, quanto ao respeitar o próximo e a si mesma, a natureza, o bem e o mau, o trabalho de uma forma em geral, tudo como manda a cultura de cada etnia indígena. 

O aprendizado de uma criança ou estudante indígena não acontece somente na escola, vai muito além dela, dentro e fora das salas de aula, juntamente com a comunidade. Quando em um jovem da comunidade existe um espírito de liderança, a escola tem como objetivo de preparar essa pessoa para poder falar em nome da comunidade e de seu povo, não só conversar, mais saber construir argumentação que busque melhorias ao povo de toda a sua comunidade. Nessa perspectiva  que podemos ver a educação escolar e a educação formal se fundirem para um aprendizado integral de conhecimento dos educando que vai passando de geração para geração de uma forma bem dinâmica e que está presente em todo momento na sua vida e assim ajudando a contribuir o fortalecimento de toda comunidade indígena. 

Em algumas aldeias, além de se aplicarem a avaliação dita como tradicional ou não indígena. Também se usa muito mais aquela avaliação do corpo a corpo, que é uma cultura dos povos onde se dá muito a valorização da aproximação, o diálogo das crianças com os professores, o acompanhar passo a passo, o sentar e conversar do lado a lado, é um orientar bem próximo. Para os indígenas existem dois instrumentos de avaliação, o primeiro é o olhar. Avalia-se pelo olhar. Um olhar que acompanha, que não reprova e que espera.Um olhar que junto com a intervenção no tempo necessário de cada estudante acompanha o seu desenvolvimento. Não há pressa. O tempo é o tempo de aprender.

O segundo é o ouvir. Pois ouvindo se aprende. Não aquele ouvir que chamamos de educação bancária, mais sim, uma outra forma de se ouvir, onde ela não se dá apenas e simplesmente pelo ouvido. Onde se pode ouvir por um todo e completo. Além de cruzar o trabalho pedagógico, cruza-se também o próprio modo de viver na comunidade. Levando em conta que cada estudante desenvolve a sua aprendizagem de maneira diferente, uns com mais e outros com menos dificuldade, são essas dificuldades que o educador deve estar atento e observar para poder pensar em uma metodologia diferenciada que possa auxiliar cada um dos estudantes.

O significado do que quer dizer olhando, é o estar junto com os alunos, o olhar aqui, não é simplesmente enxergar e ver, mas, é o processo de aprendizagem, uma troca de conhecimentos e saberes. 

 Em suma, um olhar que é observador, isso é acompanhar de um jeito próprio de quem conhece as suas próprias coisas e se desafia a conhecer outros sentidos do mundo.

Dessa forma, poderemos dizer que para avaliar um aluno indígena justamente, teremos que estar presente no cotidiano dele. Para os povos indígenas o significado da avaliação tem dois aspectos, um que é a aprendizagem escolar da leitura e da escrita para poder conhecer e assim lutar pelos seus direitos e a outra é a da aprendizagem da cultura para permanecer sendo um indígena. A avaliação não serve como julgamento, mais como aprendizagem. Avaliar significa aprender sem pressa, valorizando sempre o aluno, a criança para que seu conhecimento possa intervir e construir sua autonomia, a escola avalia sem se preocupar com o preparo para o mercado de trabalho, mais avalia com uma atenção totalmente voltada à aprendizagem do aluno para que ele possa enfrentar todos os desafios da vida em qualquer circunstância da sociedade onde estiver inserido.