quarta-feira, 28 de setembro de 2011

História do Povo Kayabi

                          Kayabi

       Uma das vertentes  a respeito da origem do povo Kayabi, residente nas T.I. Apiaká /Kayabi, situado às margens esquerda do então denominado Rio dos peixes à cerca de aproximadamente 50 Km do município de Juara estado de Mato Grosso, segundo Dazia Maria Nani e Helena dos Santos, o povo deste município se originou da seguinte forma: “ Quando vieram para este lugar, eles vieram por rio, porque era o único caminho para vir para este lugar, vieram em três canoas descendo o Rio dos  Peixes, procurando um lugar para poder se fixar e construir as suas casas. Na época em que eles desceram o rio, era tempo da seca e andaram muito tempo até chegarem nas cachoeira do Rio dos Peixes. Chegando perto das cachoeiras, as águas começaram a ficarem violentas e suas corredeiras serem muito velozes por causa das queda das cachoeiras, a ponto de se não poder controlar os barcos com os remos, foi aí que, chegando porto das cachoeira, os barcos viraram e muitos deles        conseguiram escapar nadando até chegarem à margem do rio. Um dos barcos enroscou numa pedra grande que tinha no meio do rio e nesse barco vinha o Pajé, um senhor já bem velhinho e de bastante idade, também estava fraco, porque tinha passado muitos dias viajando de canoa, como ele não conseguia nadar até a beira do rio, ficou em cima da pedra. Ficou lá por um período de três dias e três noite sem comer, só rezando, pedia  para que seus parentes fosse embora e largassem  ele  lá, que  prosseguissem seu caminho, mas os índios que vieram junto com ele,  não queriam fazer isso, ir embora e largar o Pajé lá, sozinho e abandonado. Foi aí que tiveram a idéia de arrancar cipós,  amarrarem  um no outro para formar um tipo de corda de cipó e jogar na água  para que o Pajé pegasse e eles puxassem. Mas ele não quis e não pegava o cipó que eles jogavam. Ele dizia que já tinha chagada na sua casa, e que não era para eles se assustarem quando vissem ele lá no outro dia. Quando foi na terceira noite, que amanheceu para o quarto dia, em cima da pedra estava lá uma enorme Sucurí, a qual eles julgam ser o velho Pajé que tinha se transformado em cobra. Vendo aquela enorme cobra, eles acharam que não tinha mais nada para se fazer naquele lugar, então continuaram seu caminho, sempre descendo a beira do rio até passarem as cachoeiras. Recuperaram suas canoas e continuaram a descer o rio, acharam um lugar bom e lá construíram suas casas. E deram o nome desse lugar de Tatuí. Que significa Peixe cascudo. “ Dazia nos contou também que essa cachoeira onde o Pajé ficou, é um lugar sagrado para os Kayabis, muitos vão visitar a cachoeira para conhecer esse lugar e que nessa cachoeira existe uma gruta, mas que nunca ninguém conseguiu entrar na gruta ou chagar pertinho, porque quando chegam perto, começa a bater uma ventania e sai um ruido lá de dentro muito forte que ninguém agüenta , dizem que é a cobra se manifestando, nessa gruta é o lugar onde a cobra mora, segundo eles é o Pajé em forma de Sucurí.

Kayabi

A origem do nome Kayabi é desconhecida pelos próprios nativos. É provável que seja a forma pela qual os Apiaká ou os Bakairi se referiam a eles, pois esses povos representam as primeiras fontes de informação sobre os Kayabi. Certamente, não se trata de autodenominação do grupo. Georg Grünberg, um etnógrafo que pesquisou os Kaiabi nos anos 60, sugere que a autodenominação seja o termo iputunuun, que significa algo como "o nosso pessoal".
Os Kayabi, em sua maioria, habitam atualmente a área do Terra Indígena Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. Falam uma língua da família do tupi-guarani. A quase totalidade dos Kayabi que habitam o Parque do Xingu e são bilíngües e dominam, bem o português. Alguns indivíduos residentes em aldeias de outros grupos, ou casados com pessoas de outra etnia, falam também uma terceira língua. Segundo informações dos próprios índios, muitos Kayabi, que moram em áreas fora do Parque do Xingu, não falam mais a língua nativa. São denominados também como Cajahis, Cajabis, Kajabi, Caiabis, Cayabi, Kayabi

Introdução

Os Kaiabi resistiram com vigor à invasão de suas terras por empresas seringalistas desde o final do século XIX. A partir dos anos 50, a região dos rios Arinos, dos Peixes e Teles Pires foi retalhada em glebas que viraram fazendas e os Kaiabi se dividiram em três grupos. A maioria se mudou para o Parque Indígena do Xingu, onde se destacam pela prática de uma agricultura forte e diversificada, uma arte caracterizada por complexos padrões gráficos de inspiração mitológica e uma participação ativa no movimento indígena organizado em defesa dos interesses das etnias do Parque. Informações gerais sobre este encontram-se na página Parque Indígena do Xingu.


Localização e histórico do contato

Os Kaiabi, em sua maioria, habitam atualmente a área do Parque Indígena do Xingu (PIX), Mato Grosso. Esta, porém, não é sua terra tradicional. Até aproximadamente a década de 1940 ocupavam uma extensa faixa entre os rios Arinos, Tatuy (denominação Kaiabi para o Rio dos Peixes) e médio Teles Pires ou São Manuel, localizada a oeste do Rio Xingu.
Para se falar sobre a localização atual dos Kaiabi é preciso antes comentar um pouco sobre sua história recente. Considerados até as primeiras décadas do século XX como "bravios e indômitos", os Kaiabi resistiram com vigor à ocupação de suas terras pelas empresas seringalistas que avançavam pelos rios Arinos, Paranatinga (Alto Teles Pires) e Verde, na última década do século XIX. Muitos conflitos ocorreram com seringueiros, viajantes e funcionários do Serviço de Proteção aos Índios ao longo da primeira metade do século XX. Contudo, aos poucos a área Kaiabi foi sendo ocupada e os índios induzidos para o trabalho nos seringais.
Depois da extração do látex viriam a retirada de madeira e a implantação de fazendas. A partir da década de 1950, grande parte da região seria retalhada em glebas e alienada pelo governo de Mato Grosso para fins de colonização. Nesta época (1949) chega à região do Teles Pires a Expedição Roncador-Xingu comandada pelos irmãos Villas-Bôas. A Expedição era o braço da Fundação Brasil Central encarregado de desbravar e preparar a colonização dos sertões dos rios Araguaia, Xingu e Tapajós, dentro da política de interiorização preconizada pelo governo Vargas.
A Expedição encontrou os Kaiabi em uma situação conflituosa e sem aparentes perspectivas de melhora. Os deslocamentos para outras áreas dentro do território e a resistência bélica aos invasores não eram mais possíveis. Com exceção do missionário católico João Dornstauder, cujas ações eram mais concentradas no rio Tatuy, nenhuma organização apoiava os índios na luta pelas terras. A atuação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) na área era incapaz de assegurar a sobrevivência cultural do grupo, atuando muitas vezes conjuntamente com as empresas seringalistas no recrutamento dos índios para trabalhar na extração de látex. Restava a integração passiva nos seringais e a proposta apresentada pelos Villas-Bôas: mudar para o Parque Indígena do Xingu. A alternativa da mudança prevaleceu e tomou corpo em parte devido à atuação de Prepori, um dos principais líderes do grupo na época.

Cristina do Carmo Sirayp
Dineva Maria Kayabi
A aldeia Kayabi se formou com a chegada de índios de varias partes do estado de Mato Grosso no ano de 1969. A convivência com o homem branco fez com que os índios Kayabi modificassem suas praticas tradicionais, por exemplo, a cultura como, a alimentação, mas por outro lado as danças típicas continuam.
A modificação da cultura ocorreu devido principalmente, a convivência com os seringueiros que trocavam a seringas por roupas, utensílios domésticos e alimentações.
A lei existente sobre alcoolismo onde diz que álcool para menores é proibido, normalmente não é cumprida pelo fato dos comerciantes saberem que não pode ser vendida e vendem do mesmo jeito.
Antigamente o casamento entre pessoas de tribos não poderia existir pelo fato de ter que mistura culturas só que agora existe e com freqüência, tanto que a cultura da tribo Apiacas é a mesma da aldeia Kayabi.
A relação com os brancos mudou completamente, pois agora há uma grande relação não só de amizade, mas também de negócios entre índios e brancos inclusive havendo casamentos com os homens brancos.
Na área de educação as mesmas pessoas que declararam que está melhor se comparada há alguns anos atrás, exceto que a cada dia que passa muda mais, só que não na área da saúde não esta mudando, pois muitas vezes não são bem tratados em hospitais, ou seja, são esnobados .
Os povos indígenas deram grande contribuição à abertura de estradas na construção de nossa praça juntamente com o Sr. Zé Paraná que buscava os índios na aldeia para ajudá-lo.

Líderes antigos e modernos

Tradicionalmente o wyriat organizava quase todo o trabalho agrícola de sua unidade doméstica segundo os princípios que regem a constituição da família extensa. Antes, quando os contornos da aldeia ou maloca eram possivelmente os mesmos de uma família extensa ou 'casa', conduzida pela figura deste wyriat, a organizagção global da produção reproduzia a organização destas unidades. É provável que no passado os Kaiabi não tivessem nenhuma atividade de subsistência claramente coletiva. Os trabalhos agrícolas envolveriam somente o conjunto da família extensa guiada por um wyriat, e mesmo assim apenas em determinados momentos. Usualmente, o líder da família escolhe o lugar a ser roçado e derrubado, que são as fases mais coletivas do trabalho. Após a limpeza, a área é delimitada e porções do terreno são destinadas aos chefes das famílias nucleares, que realizam o plantio basicamente com a ajuda de sua mulher e filhos.
O perfil do líder Kaiabi sofreu algumas transformações nas últimas décadas. O contexto no qual ocorreu a formação das grandes aldeias multi-familiares também foi palco do surgimento de um novo tipo de chefe. No lugar do antigo wyriat, homem velho e aguerrido, cabeça de uma grande família extensa, origem mesma de sua autoridade (Grünberg 1969: 126), encontramos agora jovens líderes cuja principal característica é a maior desenvoltura no relacionamento com os brancos. Este talvez seja o principal papel do novo líder, o de mediador entre índios e brancos e, conseqüentemente, meio de acesso aos bens e serviços da sociedade envolvente agora tornados uma necessidade. Contudo, esta aparente transformação preservou certos princípios estruturais anteriores. Assim como o antigo chefe, o novo líder deve 'cuidar' de seus seguidores e seu poder está baseado em sua habilidade como mediador. Antes, o núcleo aglutinador dos seguidores de um chefe era a família extensa, pessoas ligadas a ele por parentesco e por afinidade. As obrigações contraídas com o matrimônio e os laços de parentesco norteavam a organização deste agrupamento em uma unidade produtiva. Atualmente pode ocorrer que o líder tenha poucos filhos ou netos, e algumas vezes nenhum genro, ao assumir a liderança. Poucos trabalham para eles sob o regime do serviço-da-noiva ou os respeitam pela senioridade. Basicamente, sua autoridade advém de sua habilidade, dinamismo e iniciativa na relação com os brancos. Segundo alguns informantes, a chefia teria sido uma posição transmitida em linha paterna para o primogênito. Não há, porém, informações seguras a este respeito.
Os Kaiabi resistiram com vigor à invasão de suas terras por empresas seringalistas desde o final do século XIX. A partir dos anos 50, a região dos rios Arinos, dos Peixes e Teles Pires foi retalhada em glebas que viraram fazendas e os Kaiabi se dividiram em três grupos. A maioria se mudou para o Parque Indígena do Xingu, onde se destacam pela prática de uma agricultura forte e diversificada, uma arte caracterizada por complexos padrões gráficos de inspiração mitológica e uma participação ativa no movimento indígena organizado em defesa dos interesses das etnias do Parque. Informações gerais sobre este encontram-se na página Parque Indígena do Xingu. 

Nome
A primeira menção direta aos Kaiabi em um documento escrito apareceu em 1850, com a publicação dos relatos do viajante francês Francis de Castelnau. Em 1844 Castelnau esteve em Diamantino, MT, onde entrevistou índios Apiaká e aventureiros que percorreram a região dos rios Arinos e Teles Pires dando notícias de uma "tribo hostil", denominada em seu texto como Cajahis. A partir dessa data, vários outros documentos fazem referência aos Kaiabi, utilizando diferentes grafias para o nome: Cajahis, Cajabis, Kajabi, Caiabis, Cayabi, Kayabi etc. Atualmente os professores indígenas do grupo decidiram optar pela grafia Kaiabi e por esse motivo a empregamos neste texto.
A origem do nome Kaiabi perde-se no tempo e hoje os próprios índios não sabem dizer de onde surgiu e qual seu significado. É provável que seja a forma pela qual os Apiaká ou os Bakairi, que representam as primeiras fontes de informação sobre os Kaiabi no século XIX, a eles se referiam. Certamente não se trata de auto-denominação do grupo. Georg Grünberg, um etnógrafo que pesquisou os Kaiabi nos anos 60, sugere que a auto-denominação seja o termo iputunuun, que significa algo como "o nosso pessoal" (1970: 120).

Língua

A língua dos Kaiabi é da família tupi-guarani. Desde os primeiros contatos observou-se que os Kaiabi falavam uma língua aparentada à de outros povos conhecidos genericamente como Tupi. As línguas mais semelhantes ao Kaiabi são o Kamayurá, o Asurini do Xingu e o Apiaká, variando a maneira de aferir a sua proximidade. A quase totalidade dos Kaiabi que habitam atualmente o Parque do Xingu são bilingües plenos, dominando, além de sua própria língua, também o português. Alguns indivíduos residentes em aldeias de outros grupos, ou casados com indivíduos de outra etnia, falam também uma terceira língua. Segundo informações dos próprios índios, muitos Kaiabi que moram em outras áreas fora do Parque do Xingu não falam mais a língua nativa.


Localização e histórico do contato

Os Kaiabi, em sua maioria, habitam atualmente a área do Parque Indígena do Xingu (PIX), Mato Grosso. Esta, porém, não é sua terra tradicional. Até aproximadamente a década de 1940 ocupavam uma extensa faixa entre os rios Arinos, Tatuy (denominação Kaiabi para o Rio dos Peixes) e médio Teles Pires ou São Manuel, localizada a oeste do Rio Xingu.
Para se falar sobre a localização atual dos Kaiabi é preciso antes comentar um pouco sobre sua história recente. Considerados até as primeiras décadas do século XX como "bravios e indômitos", os Kaiabi resistiram com vigor à ocupação de suas terras pelas empresas seringalistas que avançavam pelos rios Arinos, Paranatinga (Alto Teles Pires) e Verde, na última década do século XIX. Muitos conflitos ocorreram com seringueiros, viajantes e funcionários do Serviço de Proteção aos Índios ao longo da primeira metade do século XX. Contudo, aos poucos a área Kaiabi foi sendo ocupada e os índios induzidos para o trabalho nos seringais.
Depois da extração do látex viriam a retirada de madeira e a implantação de fazendas. A partir da década de 1950, grande parte da região seria retalhada em glebas e alienada pelo governo de Mato Grosso para fins de colonização. Nesta época (1949) chega à região do Teles Pires a Expedição Roncador-Xingu comandada pelos irmãos Villas-Bôas. A Expedição era o braço da Fundação Brasil Central encarregado de desbravar e preparar a colonização dos sertões dos rios Araguaia, Xingu e Tapajós, dentro da política de interiorização preconizada pelo governo Vargas.
A Expedição encontrou os Kaiabi em uma situação conflituosa e sem aparentes perspectivas de melhora. Os deslocamentos para outras áreas dentro do território e a resistência bélica aos invasores não eram mais possíveis. Com exceção do missionário católico João Dornstauder, cujas ações eram mais concentradas no rio Tatuy, nenhuma organização apoiava os índios na luta pelas terras. A atuação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) na área era incapaz de assegurar a sobrevivência cultural do grupo, atuando muitas vezes conjuntamente com as empresas seringalistas no recrutamento dos índios para trabalhar na extração de látex. Restava a integração passiva nos seringais e a proposta apresentada pelos Villas-Bôas: mudar para o Parque Indígena do Xingu. A alternativa da mudança prevaleceu e tomou corpo em parte devido à atuação de Prepori, um dos principais líderes do grupo na época.
Os Kaiabi, já mais acostumados no trato com os brancos e encontrando, nas palavras de Grünberg (1970: 52), "uma compreensão inesperada para sua situação opressiva" por parte dos Villas-Bôas, se integraram à expedição e passaram a colaborar na pacificação de outros grupos e no desbravamento da região. O processo de migração para o Parque Indígena do Xingu teve início a partir desse envolvimento nos trabalhos da Expedição Roncador-Xingu. Tendo em vista a situação de conflito e espoliação em sua área tradicional, e incentivados pelos Villas-Bôas, os Kaiabi foram aos poucos se dirigindo para lá, até que em 1966 foi transferida por avião, naquela que ficou conhecida como "Operação Kayabi", uma parte dos índios que ainda moravam na região do Tatuy.
Os Villas-Bôas justificaram a necessidade da transferência como única alternativa ao processo de destribalização e marginalização vivido pelos Kaiabi. Grünberg assinala, contudo, que essa última transferência foi realizada sem entendimentos prévios e contra a vontade da Missão Anchieta, que, ao que parece, opunha-se a ela por considerar possível a luta pela terra Kaiabi, pelo menos na região do Tatuy.
O processo deixou marcas profundas e dividiu os Kaiabi, que até hoje lamentam ter abandonado suas terras imemoriais. A pequena parcela da população que se recusou a ir para o Parque Indígena do Xingu permanece até hoje em uma pequena área que divide com alguns remanescentes Apiaká, localizada no Tatuy (TI Apiaká-Kayabi). Outra pequena parcela dos Kaiabi vive atualmente no Baixo Teles Pires, em uma Terra Iindígena localizada já no estado do Pará, para onde foram sendo empurrados pela ocupação de sua terras (TI Cayabi e TI Cayabi Gleba Sul). No Parque Indígena do Xingu, os Kaiabi estão espalhados por diversas aldeias localizadas na região do Posto Indígena Diauarum, porção norte do Parque e território habitado anteriormente pelos Yudja (auto-denominação dos Juruna), Suyá e Trumai. Para informações mais detalhadas veja ao lado em "Terras habitadas".
As regiões habitadas atualmente pelos Kaiabi não são homogêneas do ponto de vista ambiental, histórico ou sociocultural. A região do Parque do Xingu tem um relevo plano recoberto por uma vegetação de transição entre a floresta tropical úmida, que se adensa ao norte, e o cerrado que predomina ao sul. Matas ciliares acompanham os inúmeros cursos d'água e lagoas, e em alguns pontos observa-se a ocorrência de descampados naturais. O clima é caracterizado pela alternância de uma estação chuvosa, de novembro a abril, e um período seco nos meses restantes. Nas outras áreas habitadas pelo grupo observa-se uma maior predominância de florestas. Como os ecossistemas são relativamente diferentes, muitas espécies vegetais (além de tipos de solo, de barro para cerâmica, material lítico, conchas, animais etc.) conhecidas e utilizadas pelos Kaiabi na área tradicional não são encontradas no Parque do Xingu.
Do ponto de vista histórico e sociocultural as diferenças também são marcantes, tanto no período pré-contato quanto na fase posterior à entrada dos brancos no continente.
A região dos rios Teles Pires, Arinos, Rio dos Peixes, Juruena e Tapajós é predominantemente ocupada por grupos Tupi desde um longínquo passado. No Alto Rio Xingu os grupos indígenas viviam, e ainda vivem, em um rico complexo cultural multiétnico e multilingüístico e com eles convivem hoje os Kaiabi do Parque.
Para um período mais recente, as grandes diferenças se deram em função do avanço das frentes de colonização. A região do Alto Xingu, por razões geográficas, ambientais e históricas, permaneceu, se comparada a outras áreas, relativamente fora do alcance direto das frentes de expansão até fins da década de 1940. A partir desta época iniciaram-se os debates para a criação da primeira grande área indígena brasileira, que viria a ser o Parque Indígena do Xingu. O Parque foi desde o início pensado como um paraíso ecológico e cultural que deveria ser preservado do alcance dos brancos. Esta ética preservacionista tem até hoje um grande impacto no ideário político das lideranças indígenas da região. Já a área Arinos-Teles Pires-Tapajós foi alvo da exploração de látex desde o século passado e, mais recentemente, da retirada de madeira e implantação de fazendas de gado. Essa frente de ocupação provocou a extinção de muitos grupos indígenas, além de grandes alterações ecológicas e culturais, ao promover uma integração muitas vezes forçada dos índios remanescentes.

População

A população Kaiabi somava aproximadamente 1.000 pessoas em 1999. Destas, 756 residiam no PIX (UNIFESP-DMP, 1997). O restante da população estava dividida entre as outras duas áreas ocupadas pela etnia. Para estas áreas, habitadas também por outros grupos indígenas, não dispomos de dados atualizados, pois muitas fontes indicam apenas a população total, não especificando as etnias.
A projeção aqui apresentada baseia-se em informações de índios que conhecem estes locais. A taxa de crescimento populacional dos Kaiabi é bastante alta atualmente. Estudos efetuados em uma das aldeias Kaiabi do PIX apontam para uma taxa em torno de 4,3% (Senra 1996). Esse forte incremento populacional é um reflexo do declínio da mortalidade, em função da assistência médica e das condições até agora favoráveis dentro do PIX, e das altas taxas de natalidade. Com esses índices de crescimento a população Kaiabi tende a dobrar a cada 13 anos aproximadamente. Esses altos índices são encontrados atualmente em vários grupos indígenas que conseguiram superar séculos de drásticas perdas populacionais.

As aldeias

Uma focalização no padrão organizacional das aldeias Kaiabi do Xingu é reveladora de algumas das transformações político-sociais vivenciadas por este grupo nas últimas três ou quatro décadas. Com a transferência para o PIX (Parque Indígena do Xingu), os Kaiabi mantiveram inicialmente um padrão de assentamento caracterizado pela dispersão em pequenas unidades familiares, conforme descrito por Grünberg em suas pesquisas durante os anos 60. Algum tempo depois, os aldeamentos kaiabi passaram a se agregar em unidades maiores e multi-familiares, destoando assim do padrão de isolamento observado em suas regiões de ocupação pouco antes da transferência. A reunião em grandes aldeias foi claramente encorajada pelas administrações do Parque, com o intuito principal de facilitar os tratamentos de saúde. De fato, o maior acesso aos medicamentos e aos médicos é pensado como uma das grandes vantagens da moradia em grandes aldeias, sendo este um argumento utilizado pelos líderes em seus discursos ao estimularem a reunião das famílias extensas em unidades maiores.
Assim, pelo menos em certa medida, esta concentração pode ser creditada à necessidade de manter uma relação eficiente e constante com os órgãos administrativos, ONGs e também com os outros índios. Grünberg sugere, entretanto, que esta tendência à formação de grandes aldeias seja anterior à transferência para o PIX, fazendo parte da dinâmica política desta sociedade. A grande fragmentação do modelo de ocupação territorial, observada principalmente a partir das décadas de 40 e 50, seria o quadro resultante de um momento marcado por uma acentuada depopulação e por uma "forte tendência para a divisão da família extensa em famílias nucleares patrilocais muito autônomas economicamente, que seguiam o modelo dos seringueiros morando em choças independentes, bem próximas umas das outras, numa roça comum" (Grünberg, 1969: 21). Relatos antigos, como o de Antônio Pyrineus de Souza, oficial da comissão Rondon que percorreu a região do Rio Teles Pires em 1915, sugerem a existência desde pequenos agrupamentos unifamiliares, até grandes grupos residenciais englobando mais de uma centena de pessoas. A transferência para o PIX, e o próprio modelo de relação entre os órgãos que atuam no parque, criou de certa forma novas condições para o refortalecimento desta tendência.
Antes da transferência, as casas kaiabi eram bem grandes, pois abrigavam todos os membros de uma família extensa. Essas casas mediam em torno de 12 metros de largura por 24 de comprimento e sua cobertura de palha ia até o chão. No PIX os Kaiabi passaram a construir casas pequenas com paredes de troncos, medindo aproximadamente a metade de uma casa tradicional. Atualmente estão voltando a construir casas no formato anterior, que podem ser vistas em algumas de suas aldeias.

Subsistência e confecção de artefatos

Os Kaiabi são um grupo com uma forte tradição agrícola, que se manteve apesar da transferência de território. Sua horticultura é muito diversificada, compreendendo dezenas de variedades de plantas cultivadas e um sistema agrícola bastante elaborado. Como em outros grupos indígenas, o calendário agrícola compreende os períodos de roçado e derrubada (maio e junho), queima (agosto) e plantio (setembro e outubro). Os períodos de colheita variam dependendo da cultura. Há dois tipos básicos de roças kaiabi: as roças polivarietais de mandioca e as roças de policultivo. Nas primeiras, plantam-se quase que exclusivamente as diversas variedades de mandioca utilizadas para a produção de farinha, beijus e mingaus. Nas roças de policultivo plantam-se diversas espécies, que exigem melhores solos (áreas de terra preta): milho, algodão, amendoim, batata, cará, banana, fava, cana, abóbora, melancia.
A alimentação kaiabi, assim como sua agricultura, é bem diversificada. A base alimentar, composta pela farinha de mandioca e pelo peixe, é complementada por beijus, mingaus à base de mandioca, milho, amendoim, banana, frutas silvestres etc. Anteriormente a caça tinha um papel mais importante na dieta, mas a maior sedentarização do grupo na calha dos rios principais, aliada, entre outros fatores, à rarefação de alguns animais, contribuiu para que a pesca tenha se tornado a principal fonte de proteína animal para o grupo.
Os Kaiabi têm uma cultura material elaborada e grandemente diversificada. Porém, os itens que mais os singularizam e identificam são suas peneiras, apás (um tipo de peneira) e cestos (confeccionados pelos homens), ornamentados com uma grande variedade de complexos padrões gráficos, que representam figuras da rica cosmologia e mitologia do grupo. O trabalho artesanal feminino mais elaborado é a tecelagem do algodão para a fabricação das redes e tipóias. Atualmente, os itens mais produzidos são os colares de tucum lisos ou com figuras zoomórficas, também confeccionados pelas mulheres.

O grupo doméstico

Como em muitos grupos ameríndios, a organização da sociedade Kaiabi não apresenta divisões sociais globais como linhagens, metades, grupos de idade ou quaisquer outras estruturas corporadas. Também como em outros grupos ameríndios, as relações fundadas nos casamentos (afinidade) podem ser vistas como o cerne da vida social, com especial atenção para a relação sogro/genro, básica para a constituição das aldeias e parentelas, e fonte ao mesmo tempo de solidariedade e poder. Neste sentido, a formação dos grupos locais, a mobilização para diversas atividades aldeãs e muitos outros aspectos da vida social dependem mais das relações de aliança do que das de consangüinidade.O agrupamento social mais visível para além da família nuclear é a parentela que constitui uma unidade doméstica. Esta unidade é guiada por um wyriat, literalmente, aquele que toma conta do "lugar" (wyri), e que no passado seria quase sempre o membro masculino mais velho. Trata-se de uma família extensa construída em torno de relações de afinidade e consangüinidade, cujo elemento aglutinador é um homem mais velho que, basicamente através de seu prestígio pessoal, logrou manter junto a si seus genros e noras e, conseqüentemente, seus filhos e netos, além de algum outro parente, como um irmão por exemplo.

Observa-se entre os Kaiabi uma tendência a que os cônjuges residam na casa dos pais da noiva (residência pós-marital uxorilocal), o que reforça os laços de afinidade entre sogros e genros. Esta regra de residência faz-se acompanhar da obrigatoriedade por parte do marido em colaborar e trabalhar junto com seu sogro e cunhados (serviço-da-noiva), os doadores da esposa. Esta uxorilocalidade temporária, concebida como serviço-da-noiva, seguida de ambi- ou neo-localidade, é a regra residencial mais comum entre os Tupi-Guarani.
Os Kaiabi dizem hoje que a relação sogro/genro "não é mais a mesma", que "enfraqueceu", indicando a percepção um certo relaxamento nas obrigações que outrora acompanhavam esta regra de residência. Apesar disso, reconhecem a relevância deste aspecto da organização social e enfatizam a necessidade dos genros mudarem para a casa dos sogros após o casamento como sendo um costume tipicamente kaiabi.As ligações de parentesco que aglutinam esta parentela são traçadas tendo por base um círculo de parentes determinado de dentro para fora, isto é, a partir de um indivíduo (egocentrado). Essa espécie de agrupamento não é um grupo de descendência, porque seus membros, tomados como um todo, não possuem um antepassado comum. Tal unidade doméstica é guiada por um wyriat, literalmente, aquele que toma conta do 'lugar' (wyri), e que no passado seria quase sempre o membro masculino mais velho. Trata-se de uma família extensa construída em torno de relações de afinidade e consangüinidade, cujo elemento aglutinador é um homem que, basicamente através de seu prestígio pessoal, logrou manter junto a si seus genros e noras e, conseqüentemente, seus filhos e netos, além de algum outro parente, como um irmão por exemplo. Estas unidades domésticas são muito independentes política e economicamente, sendo a base social da formação, desmembramento e deslocamento das aldeias. Como princípio geral dentro da organização social as parentelas são bastante estáveis, mas sua atualização é muito dinâmica. Há laços sociais básicos, principalmente aquele entre sogro/genro, que amalgamam as parentelas, mas estes podem ser ora enfatizados e ora subsumidos em função de uma série de questões específicas. Há sempre uma tensão inerente neste sistema que leva à cisão ou aglutinação das parentelas ao longo do tempo. Quando há uma cisão, parte do grupo vai para uma outra aldeia, com cujos habitantes seja possível e de interesse realçar determinados laços sociais, ou então se estabelece uma nova aldeia a partir de uma célula de aglutinação social, em geral em torno de uma díade de afins (sogro/genro ou dois cunhados). A saída de uma parcela da população de uma aldeia para outra, ou para fundar uma nova, não se caracteriza necessariamente como uma cisão traumática e não caracteriza o grupo como nômade ou semi-nômade. Ela faz parte da dinâmica social do grupo - há diversas forças sociais e históricas que contrabalançam a propensão à cisão - e a ocupação de novas aldeias estabelece um processo de socialização do espaço.
Padrão de assentamento é definido como a distribuição espacial e temporal das comunidades na paisagem. Esta distribuição é o reflexo de uma complexa interação entre estruturas socioculturais, fatores ecológicos e etnoecológicos, com especial atenção para as formações antrópicas e à história específica de cada grupo e sua região. As aldeias Kayabi são organizadas em torno de parentelas egocentradas muito independentes e esta independência é um traço cultural marcante e conscientemente defendido pelos índios. Até o momento em que foram transferidos em 1966, os Kayabi que ainda moravam em sua área tradicional do rio dos Peixes mantinham seu padrão de assentamento característico. Somente a constituição de aldeias maiores estava impossibilitada devido à queda demográfica. Cada uma das aldeias descritas nos diários do missionário Dornstauder era composta por uma família extensa agregada em torno de um wryat (cabeça de família), mantendo uma independência ao nível da organização produtiva mas interligadas às outras do ponto de vista social, ritualístico e histórico. Estas aldeias compunham-se de pelo menos uma casa no formato típico empregado pelo grupo, ou seja, uma grande casa comunal.
O modelo tradicional da moradia Kayabi é uma grande casa destinada a abrigar toda uma família extensa. Muitas das vezes uma aldeia poderia se constituir de apenas uma destas habitações podendo abrigar umas 50 pessoas. Estas casas grandes tinham mais de 20 m de comprimento e mais de 10 m de largura. Trata-se de uma casa com telhado de duas águas, com este indo até o chão ou com uma parede lateral bem pequena. As duas extremidades da casa são retas, formando assim um triângulo quando vista de frente, e não arredondadas como as das demais em uso atualmente. A maioria das casas Kayabi no PIX obedece a um estilo que se tornou padronizado nesta região do Parque, sendo encontrado também nas aldeias Suyá e Yudjá. São casas com paredes de troncos até pouco menos de 2 metros de altura, com uma cumeeira central de uns cinco metros. São cobertas de palha da palmeira inajá e possuem as extremidades arredondadas, o que em algumas casas pode servir para uma divisão interna em dois cômodos utilizados como “quartos” e/ou cozinhas. Na TI Apiaká-Kayabi observa-se a presença de casas que lembram mais a moradia da população regional, com a utilização de madeira serrada nas paredes e tetos. O retorno à área tradicional possibilitará a retomada da construção das casas no formato tradicional, uma vez que para que estas possam ser construídas não é necessária apenas a existência de matéria-prima, mas também, e principalmente, o encorajamento do grupo para tal. A retomada de áreas tradicionais e a recuperação cultural do grupo caminham lado a lado ao reforçarem a coesão social e cultural promovendo o resgate de valores simbólicos comuns fragilizados pela forte experiência do contato com a sociedade envolvente.
III-ATIVIDADES PRODUTIVAS: Os Kayabi têm uma forte tradição agrícola a qual têm procurado manter e, ao mesmo tempo, eles vivenciam um processo de transformações devido a pressões demográficas, econômicas e ambientais que se deve a processos sociais de grandes amplitudes. A escassez relativa de terras agriculturáveis a curto/médio prazo, o aumento populacional, assim como a necessidade da aquisição de bens e serviços oriundos da sociedade ocidental, aliada à perda de material genético que constituía parte do patrimônio dos Kayabi, são ameaças eminentes ao equilíbrio na convivência população indígena/ambiente no PIX e na TI Apiaká-Kayabi. Fato este que ressalta a necessidade, fora as razões históricas, simbólicas e culturais, da retomada da área tradicional representada pela TI Batelão. Esta perda de material genético deveu-se, em parte, à transferência impositiva desse povo da região dos rios Teles Pires e Tatuy para a região do Xingu e inclui não apenas materiais agrícolas, mas também produtos extrativistas essenciais para a produção de itens da cultura material deste povo.
Dos produtos vegetais não cultivados utilizados para a alimentação aquele que os Kayabi mais sentem falta é a castanha. Tratase de um alimento tradicional para o grupo e de grande importância cultural. No rio dos Peixes os castanhais constituem-se em importantes marcos de referência dentro do território e dentro do ciclo anual do sistema produtivo e da vida social. Durante os períodos de coleta desta espécie, grupos familiares se deslocavam para os castanhais onde subsistiam por dois ou três meses à base de castanha, peixe e caça. Este período representava um maior relaxamento nas obrigações da vida social aldeã, descarregando tensões ao mesmo tempo em que reforçava laços sociais específicos.
Do ponto de vista socioeconômico, tradicionalmente o wyriat, cabeça de uma família extensa, organiza quase todo o trabalho agrícola de sua unidade doméstica com base nos laços que envolvem os membros deste agregado. Em momentos nos quais os contornos da aldeia ou maloca eram possivelmente os mesmos de uma família extensa ou 'casa', conduzida pela figura deste wyriat, a organização global da produção reproduziria, portanto, a organização destas unidades. É provável que no passado os Kayabi não tivessem nenhuma atividade de subsistência claramente coletiva. Os trabalhos agrícolas envolveriam somente a coletividade da família extensa guiada por um wyriat, e mesmo assim apenas em determinados momentos. Usualmente, o líder da família escolhe o lugar a ser roçado e derrubado, que são as fases mais coletivas do trabalho. A derrubada é feita por todos os homens da família que estejam aptos e envolve tanto afins quanto consangüíneos. Após a limpeza, a área é delimitada e porções do terreno são destinadas aos chefes das famílias nucleares, que passam a ser seus 'donos', os quais realizam o plantio com a ajuda de sua mulher e filhos. A colheita é em geral feita pelas mulheres, mas entre os Kayabi não existe nenhuma restrição à participação dos homens nesta etapa e usualmente também fazem esta tarefa. O trabalho agrícola também pode ser, em muitos casos, organizado inteiramente em torno apenas das famílias nucleares.
A horticultura Kayabi compreende dezenas de variedades de cultivares organizados em um sistema agrícola bastante elaborado. Como em outros grupos indígenas, o calendário agrícola compreende os períodos de roçado e derrubada (maio e junho), queima (agosto) e plantio (setembro e outubro); os períodos de colheita variam dependendo da cultura. Há dois tipos básicos de roças Kayabi: as roças de mandioca e as roças de policultivo. Nas primeiras, planta-se quase que exclusivamente as diversas variedades de mandioca utilizadas para a produção de farinha, beijus e mingaus. Nas roças de policultivo plantam-se as outras culturas, que exigem melhores solos: milho, algodão, amendoim, batata, cará, banana, fava, cana, abóbora, melancia. O plantio segue uma ordenação cronológica e espacial, com as culturas sendo plantadas em momentos específicos do calendário e em locais determinados dentro das roças. A escolha dos locais para estas se dá em função do tipo de solo. A mandioca é plantada em solos mais pobres, reservando-se as áreas de terras melhores, menos disponíveis e mais férteis, para as culturas mais exigentes.
Os cultivos são caracterizados pela diversidade genética e varietal e por interações com a vegetação natural através de diversas formas de manejo dos recursos florestais. Os policultivos, em geral, só podem ser implantados em capoeiras de terra preta (kofet-ete), enquanto a mandioca cresce em outros solos. Na literatura ainda discute-se a gênese deste tipo de solo de terra preta na Amazônia, mas há um consenso de que a maior parte deste é fruto da ação humana ao longo do tempo, seja ela consciente ou inconsciente. A própria presença de material arqueológico é um dos indicadores aos olhos dos Kayabi para a identificação de uma área propícia ao cultivo de culturas mais exigentes. Grande parte das roças indígenas localizase em pontos já utilizados anteriormente, mesmo que não por aldeias, que deixam vestígios arqueológicos mais evidentes, mas por áreas de plantios antigos, porque o próprio manejo indígena cria condições mais favoráveis a longo prazo. Assim, não é qualquer área dentro de um território que é apta para o uso sob um sistema agrícola tradicional dos povos indígenas. Principalmente se levarmos em conta que este modelo agrícola não faz uso de nenhum tipo de defensivo ou fertilizante químico. Da mesma forma, por não fazer um uso intensivo do solo, procurando extrair a máxima produtividade por área, mas sim um uso extensivo que alterna os trechos sob utilização permitindo a recomposição da floresta e da biodiversidade, grandes espaços são necessários para a prática agrícola tradicional indígena.
Os Kayabi têm uma cultura material elaborada e grandemente diversificada. Porém, os itens que mais os singularizam e identificam são suas peneiras, apás e cestos (confeccionados pelos homens), ornamentados com uma grande variedade de complexos padrões gráficos, que representam figuras da rica cosmologia e mitologia do grupo Estes padrões também aparecem nas empunhaduras das bordunas e em objetos têxteis. A matéria-prima utilizada na cestaria e também nos arcos e flechas Kayabi não é encontrada nas terras do PIX, mas é abundante no rio dos Peixes.
IV-MEIO AMBIENTE: Verifica-se na T.I. Batelão a ocorrência de diferentes tipologias florestais em conformidade com as condições de solo, água, e principalmente clima, macro e microclima, entre outros fatores que determinam o desenvolvimento de determinada cobertura vegetal em detrimento de outras.
As áreas onde os recursos naturais mais importantes para os Kayabi ocorrem (arumã, Ischnosiphon spp.; taquari ou taboca Guadua sp, castanha-do-pará) são imprescindíveis de serem conservadas, e são observadas em seu limite Norte, precisamente na região da serra dos Caiabis onde se constata a presença do taquari ou taboca, também verificado em uma outra área situada próxima à barra do rio Gavião, em seu limite Noroeste, enquanto que o arumã liso, segundo os índios, é encontrado disperso por todo o território delimitado. Um local imprescindível para a conservação dos recursos naturais e coleta é representado pela região que compreende a barra do rio Gavião, não só por ser ali verificada a ocorrência do taquari ou taboca e do arumã liso e rugoso, como também de diversos frutos nativos, como o patauá, entre outros, além do fato de ser este local onde se verifica um grande e importante castanhal, único no território identificado, que antigamente era bastante visitado pelo grupo. Poderá ocorrer em menor escala alguma coleta de castanha na porção compreendida entre a margem direita do rio dos Peixes, em direção a serra dos Caiabis, próxima ao córrego Ywaopap, localizado em seu limite Noroeste.
Outros locais podem ser classificados como necessários de serem conservados os recursos naturais ali presentes para a prática de outras atividades pelos Kayabi, como a agricultura que poderá ser desenvolvida na região da lagoa Ipawuu, localizada no limite Sudoeste desta Terra Indígena, assim como as baixadas situadas nas proximidades da calha do rio dos Peixes e de seus afluentes de maior porte, dispersos por todo o território delimitado, porém com maior concentração em seu limite Sul, embora possa também vir a ocorrer no limite Noroeste da área, uma vez que os locais possíveis de serem utilizados para a implantação de roças, face à grande disponibilidade de solos férteis, não representam um fator limitante na T.I. Batelão. A caça, que será verificada por todo território identificado, apresenta na serra dos Caiabis, localizado em seu limite Norte, um importante local de refúgio, de nidificação e de reprodução para as principais espécies caçadas pelo grupo, que aliado à adequada superfície definida para esta Terra Indígena, permitirá o equilíbrio populacional destes animais.
A definição do limite Norte da T.I. Batelão como sendo a serra dos Caiabis não só ampliou sobremaneira a potencialidade de uso dos recursos naturais nela existentes como também, permitiu uma maior proteção ambiental de toda esta região, onde se verifica as maiores declividades desta Terra Indígena e, portanto, bastante propícias à erosão pluvial e eólica. A preservação da cobertura florestal presente nesta porção do território, juntamente com a vegetação ciliar ao longo dos mananciais hídricos verificados principalmente em seu limite Sul tornam-se também uma garantia para a integridade futura do rio dos Peixes, de seus tributários e dos vários córregos ali existentes. Portanto, a definição dos limites Norte e Sul, notadamente os que apresentam condições ambientais das mais frágeis, tornam-se imprescindíveis não só para a manutenção do frágil equilíbrio ecológico em que hoje se encontram, como também, possibilitará a continuidade e mesmo a ampliação das tradicionais atividades de caça e coleta desenvolvidas pelos Kayabi, por todo o território delimitado ao grupo.
V-REPRODUÇÃO FÍSICA E CULTURAL: Os relatos Kayabi registram em detalhes a profunda significação e importância do território ao longo do rio dos Peixes. Cada acidente geográfico, cada rio, cada antiga aldeia são símbolos mnemônicos que contribuem para a construção da identidade étnica do grupo e sua preservação cultural. No território está inscrita de maneira indelével a história e a cosmologia Kayabi. Grande parte de seus mitos refere-se a lugares, elementos da natureza e outros grupos étnicos encontrados na região do rio dos Peixes, tendo como núcleo a área reivindicada para a TI Batelão.
A série de mitos sobre a saga de Tuiararé, o herói demiurgo criador dos Kayabi, além de ser uma radiografia da cosmologia e da organização social do grupo, se nos apresenta também quase como um mapa do território do grupo ao enumerar estes diversos recursos naturais e povos com os quais interage em suas peregrinações, numa época em que o mundo ainda estava se formando e a cultura Kayabi sendo criada, segundo suas concepções míticas. Uma cultura não se reproduz plenamente em qualquer espaço, o que vale principalmente para as sociedades indígenas, para as quais a terra não é um bem alienável e sim o suporte de sua vida social e simbólica.
A computação dos primeiros dados populacionais sobre os Kayabi foi realizada pelo missionário João Dornstauder na década de cinqüenta do último século. Em 1966 estes dados seriam atualizados pelo antropólogo Georg Grunberg, que estava pesquisando entre os Kayabi do rio dos Peixes quando estes foram levados para o Xingu naquele ano. Grunberg acompanhou os Kayabi nesta transferência e os recenseou também dentro do Parque Indígena do Xingu. Antes destes, o oficial da Comissão Rondon, Piryneus de Souza na década de 10, e o etnólogo Max Schimidt na década de 20, ambos no séc. XX, haviam feito estimativas sobre a população Kayabi com base em seus contatos iniciais com o grupo. Nestas estimativas a população Kayabi alcançava a casa dos dois mil indivíduos, número que não devia estar muito longe da realidade se considerarmos a intensidade da depopulação que se seguiu nas décadas posteriores.
Os índices de crescimento atuais da população Kayabi são bastante significativos e naturalmente revelam uma recuperação populacional do grupo. Mesmo assim, é importante ressaltar, a população Kayabi atual é menos da metade do que era quando do início do contato mais sistemático com nossa sociedade. É fundamental que se considere este nível de crescimento demográfico ao se considerar a questão da disponibilidade de terras dentro do PIX e da TI ApiakáKayabi - caso este ainda mais grave e premente - e a capacidade de suporte das mesmas para garantir a reprodução física e cultural das gerações futuras, tanto dos Kayabi quanto das outras etnias que também habitam estas terras. Daí a necessidade, fora os inegáveis fundamentos histórico-culturais, para regularização fundiária da TI Batelão.

Líderes antigos e modernos

Tradicionalmente o wyriat organizava quase todo o trabalho agrícola de sua unidade doméstica segundo os princípios que regem a constituição da família extensa. Antes, quando os contornos da aldeia ou maloca eram possivelmente os mesmos de uma família extensa ou 'casa', conduzida pela figura deste wyriat, a organização global da produção reproduzia a organização destas unidades. É provável que no passado os Kaiabi não tivessem nenhuma atividade de subsistência claramente coletiva. Os trabalhos agrícolas envolveriam somente o conjunto da família extensa guiada por um wyriat, e mesmo assim apenas em determinados momentos. Usualmente, o líder da família escolhe o lugar a ser roçado e derrubado, que são as fases mais coletivas do trabalho. Após a limpeza, a área é delimitada e porções do terreno são destinadas aos chefes das famílias nucleares, que realizam o plantio basicamente com a ajuda de sua mulher e filhos.
O perfil do líder Kaiabi sofreu algumas transformações nas últimas décadas. O contexto no qual ocorreu a formação das grandes aldeias multi-familiares também foi palco do surgimento de um novo tipo de chefe. No lugar do antigo wyriat, homem velho e aguerrido, cabeça de uma grande família extensa, origem mesma de sua autoridade (Grünberg 1969: 126), encontramos agora jovens líderes cuja principal característica é a maior desenvoltura no relacionamento com os brancos. Este talvez seja o principal papel do novo líder, o de mediador entre índios e brancos e, conseqüentemente, meio de acesso aos bens e serviços da sociedade envolvente agora tornados uma necessidade. Contudo, esta aparente transformação preservou certos princípios estruturais anteriores. Assim como o antigo chefe, o novo líder deve 'cuidar' de seus seguidores e seu poder está baseado em sua habilidade como mediador. Antes, o núcleo aglutinador dos seguidores de um chefe era a família extensa, pessoas ligadas a ele por parentesco e por afinidade. As obrigações contraídas com o matrimônio e os laços de parentesco norteavam a organização deste agrupamento em uma unidade produtiva. Atualmente pode ocorrer que o líder tenha poucos filhos ou netos, e algumas vezes nenhum genro, ao assumir a liderança. Poucos trabalham para eles sob o regime do serviço-da-noiva ou os respeitam pela senioridade. Basicamente, sua autoridade advém de sua habilidade, dinamismo e iniciativa na relação com os brancos. Segundo alguns informantes, a chefia teria sido uma posição transmitida em linha paterna para o primogênito. Não há, porém, informações seguras a este respeito.

Nomes e marcas

Cada indivíduo kaiabi possui vários nomes, que formam um repertório pessoal variado. Ao longo da vida, os nomes são trocados à medida que este acede a novas categorias sociais ou passa por experiências pessoais marcantes. O nascimento do primeiro filho é um momento em que os pais sempre recebem novos nomes. Esses nomes podem ser de antepassados, de seres sobrenaturais ou estarem relacionados a algum evento específico protagonizado pelo indivíduo.
Os homens mais velhos da aldeia, o chefe ou o pajé, são em geral os responsáveis pela transmissão dos nomes. No passado, o principal momento que determinava a mudança de nome era a participação em expedições guerreiras e, mais especificamente, a morte de um inimigo.
Antigamente, todos os Kaiabi exibiam tatuagens faciais que obedeciam a alguns padrões básicos, diferentes para homens e mulheres. Essas tatuagens eram feitas primeiramente no início da puberdade.
Assim como os nomes, as tatuagens serviam ao mesmo tempo como mecanismo de identificação pessoal e grupal. Também como no caso dos nomes, a morte de um inimigo era um evento marcado pela execução de novas tatuagens.

Cosmologia

Os Kaiabi concebem o cosmos como dividido em várias camadas superpostas, habitadas por uma infinidade de seres que convencionamos chamar de sobrenaturais. Há muitos tipos diferentes destes seres. Há os diversos "chefes de animais", os perigosos anyang e mama'é que roubam as almas dos homens, os heróis culturais (demiurgos) que ensinaram aos Kaiabi tudo que sabem hoje em dia, e os deuses Ma'it, os grandes pajés do céu. Todos esses seres povoam os mitos e narrativas através dos quais os Kaiabi compreendem e atuam no universo em que vivem.
Todo humano, assim como muitos animais, possui uma ai'an, conceito que podemos traduzir aproximadamente por "alma". Os homens não são dotados automaticamente de uma ai'an ao nascerem. Eles a recebem junto com o nome, o que os incorpora de fato à sociedade em que vivem. Os que não recebem esta alma não se tornam humanos, são apenas seres empalhados, um invólucro sem vida (Grünberg 1970: 155).
Os Kaiabi sempre tiveram muitos xamãs. O xamanismo desempenha um papel fundamental no modelo de sociedade ideal concebido por eles. Idealmente, esta sociedade deveria ser dirigida por um chefe velho e aguerrido, cuja ação seria complementada pela atuação de muitos xamãs. Os xamãs são os intermediários entre o mundo natural e sobrenatural. De uma maneira geral, podem ser vistos como restauradores de situações sociais tomadas como desajustamentos no curso normal da existência (Travassos 1984: 183). A iniciação xamânica é tida como uma viagem empreendida por ocasião de uma doença grave ou acidente, um momento liminar entre o plano da realidade cotidiana e o da realidade sobrenatural.
Os Kaiabi são um povo tradicionalmente guerreiro, como se depreende de suas narrativas míticas, de suas histórias de guerras passadas, de sua vida ritual e dos depoimentos de brancos que com eles tiveram contato. O mais importante momento de sua vida ritual era a celebração do Yawaci, época em que várias aldeias se reúniam para ouvir os cantos dos guerreiros. Este ritual estava associado à morte de um inimigo e posterior quebra dos ossos de seu crânio, sendo condição de iniciação dos jovens guerreiros. Embora atualmente não haja mais guerras, nem cabeças de inimigos, os Kaiabi têm voltado a realizar o Yawaci. Como observou Elisabeth Travassos, em um contexto de recuperação étnica, eles teriam escolhido este ritual como o mais apropriado para representar a imagem que mais prezam de si mesmos e com a qual mais se identificam, a de guerreiros.

Associações e projetos atuais

As lutas dos Kaiabi de hoje são outras e requerem novas armas. Em 1995 os índios da parte norte do Parque Indígena do Xingu, região habitada majoritariamente pelos Kaiabi, resolveram criar uma associação para defender seus direitos e tentar implementar alguns projetos na área. Nascia, então, a Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), incorporando mais uma entidade ao crescente movimento indígena brasileiro. A Associação conta em sua diretoria com membros das etnias Yudjá, Suyá, Trumai, Txikão e Kaiabi, além de um conselho que reúne representantes de quase todas as 14 etnias presentes no PIX. A iniciativa para a criação da ATIX partiu principalmente dos Kaiabi, que, através dela, estão envolvidos em vários projetos relacionados com a sustentabilidade ambiental, econômica e sociocultural dos grupos que habitam o Parque.
Dentre estes projetos destaca-se o Kumaná, que deu início às "Escolas de Cultura" e tem por objetivo promover o resgate de diferentes aspectos culturais dos grupos através do incentivo à confecção de artefatos e à realização de festas. Os Kaiabi estão empenhados também em um movimento de recuperação de suas áreas de ocupação tradicional nos rios Teles Pires e Tatuy. Neste sentido, vêm há vários anos solicitando à FUNAI a constituição de um Grupo de Trabalho para identificar oficialmente as áreas anteriormente ocupadas por eles. Cansados de esperar pelo órgão oficial, realizaram por conta própria expedições para avaliar a situação atual de suas terras. Como grande parte da área encontra-se hoje densamente ocupada e devastada, decidiram reivindicar à FUNAI a demarcação de uma faixa de terra contígua ao limite oeste do PIX como reparação das imensas perdas sofridas com a transferência. Até agora os Kaiabi continuam lutando pela efetiva implementação do GT que deverá estudar sua reivindicação.
O PIX está se tornando uma ilha verde em meio à rápida e crescente devastação ambiental desta região do Mato Grosso. A devastação do entorno tem provocado a ameaça de grandes incêndios, a poluição dos rios dos quais as populações indígenas se abastecem, além de vários novos problemas e desafios. Hoje, os índios estão cientes de que a organização política dos povos que habitam o Parque é a única possibilidade de que dispõem para lutar pela preservação de sua diversidade sociocultural e ambiental.

Nota sobre as fontes

Comparada à de alguns outros povos indígenas, a literatura sobre os Kaiabi é razoavelmente ampla. Qualquer pesquisa sobre o grupo deve começar pelos escritos de Georg Grünberg, principalmente sua tese de doutorado intitulada Beitrage zur Ethnographie der Kayabi Zentralbrasiliens (há uma tradução para o português realizada por Eugênio Wenzel). Trata-se de uma etnografia geral sobre o grupo, produzida a partir de pesquisas realizadas nos anos 60. Inicia-se com um extenso e valioso levantamento das fontes históricas onde são mencionados os Kayabi, e prossegue tratando da cultura material, organização social e por fim da cosmologia e mitologia do grupo, segundo um modelo clássico de etnografia. Valioso também é o artigo "Die Materielle Kultur der Kayabi-Indianer", onde Grünberg realiza uma descrição pormenorizada da cultura material Kayabi.
Além da tese de Grünberg, duas outras foram escritas a partir de pesquisas entre os Kaiabi e são fontes fundamentais sobre o grupo. Em fins dos anos setenta, Elisabeth Travassos realizou pesquisas com os Kaiabi do Xingu que culminaram em uma dissertação de mestrado sobre xamanismo e música. Da mesma autora, recomenda-se também a leitura do artigo "A tradição guerreira nas narrativas e cantos Caiabis", publicado em 1993. Em 1996, a pesquisadora americana Suzane Oakdale apresentou na Universidade de Chicago The power of experience: agency and identity in Kaiabi healing and political processes in the Xingu Indigenous Park, tese de doutoramento com importantes observações sobre a inserção dos Kaiabi no cenário político e cultural do Parque Indígena do Xingu.
Ao lado destas obras mais extensas, os Kaiabi são tratados em uma série de outros trabalhos, dos quais mencionarei alguns. Em seu livro Diários do Xingu, Berta Ribeiro dá importantes informações sobre o grupo, principalmente sobre sua cultura material. Os irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas contaram, no livro Os Kayabi do rio São Manuel, os casos e aventuras vividas com os índios em suas andanças pelos rios Teles Pires e Tatuy. Publicados em 1996, os diários de campo do antropólogo Eduardo Galvão trazem informações úteis, e algumas pitorescas, para compreender o processo de formação do PIX e a atuação dos Kaiabi neste contexto.
Especificamente sobre a língua Kaiabi, há uma gramática publicada pelo Summer (hoje Sociedade Internacional de Lingüística), instituto de orientação missionária com várias pesquisas lingüísticas em grupos indígenas.





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